quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Resiliência Urbana - Tribuna de Petrópolis

Texto sobre Resiliência Urbana, escrito por Claudia Couto, que foi publicado dia 09/02/13 no Jornal Tribuna de Petrópolis! 
 Resiliência Urbana
Diferentes debates e conceitos permeiam a dinâmica de nossas vidas. Estima-se, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), que em 2030 serão mais de dois terços da população mundial morando em centros urbanos.

A resiliência urbana é a capacidade de uma cidade exposta à ameaça, resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se de seus efeitos de maneira oportuna e eficiente, o que inclui a preservação e restauração de suas estruturas e funções básicas. Esta resiliência está vinculada aos conceitos dinâmicos de desenvolvimento e crescimento urbano. Neste sentido a resiliência é um processo e não uma nova técnica de gestão de emergências ou resposta imediata a adversidade. É um convite a um novo olhar sobre o desenvolvimento da cidade, um vetor de positivo avanço social.

A vulnerabilidade existente para qualidade de vida e sustentabilidade urbana requer habilidade e capacidade em absorver choques e imprevistos, de forma a resistir ao colapso. Esta adaptação é orientada e necessária a dinâmica urbana, em seus aspectos econômico, social e sócio-ambiental.

A estratégia e o grau de compromisso nas boas práticas de desenvolvimento sustentável, bem como a consciência na redução de riscos e desastres urbanos, visam promover e incrementar o bem estar e segurança dos cidadãos em um amplo contexto na dinâmica urbana.

As ameaças naturais devem constituir-se na principal preocupação dos gestores, pois potencialmente, atinge a todas as cidades em função do crescimento desordenado, da rápida urbanização e da degradação ambiental. As ameaças poderão sempre existir em diferentes magnitudes, mas não induzem a devastação.

A tragédia ocorrida na região serrana em Janeiro de 2011 tomou proporções alarmantes, evidenciando a catástrofe como o maior desastre climático do país, entrando para os registros da ONU como o 8.º pior deslizamento da história mundial.

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), publicado em janeiro de 2011, a tempestade ocorrida no Vale do Cuiabá, não foi a maior registrada na região serrana. Em depoimento na comissão parlamentar de inquérito municipal das chuvas, o Eng° agrônomo Rolf Dieringer, confirmou os dados do INMET, dizendo que a chuva foi forte, mas que o desastre não teria ocorrido dentro de uma área protegida por florestas, afirmando ainda que a precipitação do dia 12/01/2011 foi de 135 mm, e no centro de Petrópolis em 1998, chovera 195 mm e não aconteceu nada.

O Geólogo Johannes Stein, diz acreditar que em 10 anos poderá ser recuperado o ecossistema do Vale do Cuiabá, norteando o planejamento para ações efetivas.

Recentemente, o furacão Sandy em Nova York, ilustrou a importância da discussão do futuro das cidades de uma forma mais elaborada, evidenciando que as conseqüências do furacão, não estarão resolvidas com a preservação de condições ambientais, e sim com a capacidade na rápida recuperação, retornando ao estado de normalidade após ocorrência de infortúnio.

A devastação decorrente da passagem do furacão seria imprevisível, entretanto a capacidade de alertar e mapear o nível de inundações prováveis, identificar os pontos críticos, as áreas de evacuação, indicar abrigos por região e ações preventivas foram fundamentais, o que possibilitou alinhamento entre as lideranças da administração e os cidadãos no enfrentamento da catástrofe. A compreensão, pela população, e credibilidade pela realidade apresentada é um ativo importante para a gestão estratégica da cidade, até mesmo para o enfrentamento de desafios cotidianos como trânsito, transporte e desastres naturais.

O Plano de contingência preparado e ensaiado juntamente com a capacidade de mobilização de multidões sob orientação de agentes da administração pública proporciona à cidade maior capacidade de reação às ocorrências e mais efetividade nas intervenções do poder público. Informações relevantes aliadas à educação preventiva e comportamento solidário dos cidadãos propiciam ações eficientes na tomada de decisões, como exemplo da resiliência positiva ao desastre provocado pelo Sandy.

Como caminha a resiliência petropolitana? E os princípios de urbanização sustentável como acessibilidade, infraestrutura, serviços, mobilidade e habitação? Estamos nos preparando corretamente para as adversidades? Informando e sendo informados? Protegendo e sendo protegidos? Alertando e sendo alertados? Socorrendo e sendo socorridos?

A tarefa é de todos, sociedade civil, profissionais, autoridades que unidos em prol do desenvolvimento de soluções na redução de riscos, caminhe para uma administração pública adequada e articulada aos diversos setores sociais, visando o bem estar e qualidade de vida dos cidadãos.
 
Claudia Couto
Engenheira de Transportes com Mestrado no COPPE / UFRJ e Educadora Ambiental

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