Texto sobre Resiliência Urbana, escrito por Claudia Couto, que
foi publicado dia 09/02/13 no Jornal Tribuna de Petrópolis!
Resiliência Urbana
Diferentes debates e conceitos permeiam a
dinâmica de nossas vidas. Estima-se, segundo a Organização das Nações Unidas
(ONU), que em 2030 serão mais de dois terços da população mundial morando em
centros urbanos.
A resiliência urbana é a capacidade de uma
cidade exposta à ameaça, resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se de seus
efeitos de maneira oportuna e eficiente, o que inclui a preservação e
restauração de suas estruturas e funções básicas. Esta resiliência está
vinculada aos conceitos dinâmicos de desenvolvimento e crescimento urbano.
Neste sentido a resiliência é um processo e não uma nova técnica de gestão de
emergências ou resposta imediata a adversidade. É um convite a um novo olhar
sobre o desenvolvimento da cidade, um vetor de positivo avanço social.
A vulnerabilidade existente para qualidade de
vida e sustentabilidade urbana requer habilidade e capacidade em absorver
choques e imprevistos, de forma a resistir ao colapso. Esta adaptação é
orientada e necessária a dinâmica urbana, em seus aspectos econômico, social e
sócio-ambiental.
A estratégia e o grau de compromisso nas boas
práticas de desenvolvimento sustentável, bem como a consciência na redução de
riscos e desastres urbanos, visam promover e incrementar o bem estar e
segurança dos cidadãos em um amplo contexto na dinâmica urbana.
As ameaças naturais devem constituir-se na
principal preocupação dos gestores, pois potencialmente, atinge a todas as
cidades em função do crescimento desordenado, da rápida urbanização e da
degradação ambiental. As ameaças poderão sempre existir em diferentes
magnitudes, mas não induzem a devastação.
A tragédia ocorrida na região serrana em
Janeiro de 2011 tomou proporções alarmantes, evidenciando a catástrofe como o maior
desastre climático do país, entrando para os registros da ONU como o 8.º pior
deslizamento da história mundial.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET), publicado em janeiro de 2011, a tempestade ocorrida no Vale do Cuiabá,
não foi a maior registrada na região serrana. Em depoimento na comissão
parlamentar de inquérito municipal das chuvas, o Eng° agrônomo Rolf Dieringer, confirmou
os dados do INMET, dizendo que a chuva foi forte, mas que o desastre não teria
ocorrido dentro de uma área protegida por florestas, afirmando ainda que a
precipitação do dia 12/01/2011 foi de 135 mm, e no centro de Petrópolis em 1998,
chovera 195 mm e não aconteceu nada.
O Geólogo Johannes Stein, diz acreditar que
em 10 anos poderá ser recuperado o ecossistema do Vale do Cuiabá, norteando o planejamento
para ações efetivas.
Recentemente, o furacão Sandy em Nova York,
ilustrou a importância da discussão do futuro das cidades de uma forma mais
elaborada, evidenciando que as conseqüências do furacão, não estarão resolvidas
com a preservação de condições ambientais, e sim com a capacidade na rápida
recuperação, retornando ao estado de normalidade após ocorrência de infortúnio.
A devastação decorrente da passagem do
furacão seria imprevisível, entretanto a capacidade de alertar e mapear o nível
de inundações prováveis, identificar os pontos críticos, as áreas de evacuação,
indicar abrigos por região e ações preventivas foram fundamentais, o que
possibilitou alinhamento entre as lideranças da administração e os cidadãos no
enfrentamento da catástrofe. A compreensão, pela população, e credibilidade
pela realidade apresentada é um ativo importante para a gestão estratégica da
cidade, até mesmo para o enfrentamento de desafios cotidianos como trânsito,
transporte e desastres naturais.
O Plano de contingência preparado e ensaiado
juntamente com a capacidade de mobilização de multidões sob orientação de
agentes da administração pública proporciona à cidade maior capacidade de
reação às ocorrências e mais efetividade nas intervenções do poder público. Informações
relevantes aliadas à educação preventiva e comportamento solidário dos cidadãos
propiciam ações eficientes na tomada de decisões, como exemplo da resiliência
positiva ao desastre provocado pelo Sandy.
Como caminha a resiliência petropolitana? E
os princípios de urbanização sustentável como acessibilidade, infraestrutura,
serviços, mobilidade e habitação? Estamos nos preparando corretamente para as
adversidades? Informando e sendo informados? Protegendo e sendo protegidos?
Alertando e sendo alertados? Socorrendo e sendo socorridos?
A tarefa é de todos, sociedade civil,
profissionais, autoridades que unidos em prol do desenvolvimento de soluções na
redução de riscos, caminhe para uma administração pública adequada e articulada
aos diversos setores sociais, visando o bem estar e qualidade de vida dos
cidadãos.
Claudia Couto
Engenheira de Transportes com
Mestrado no COPPE / UFRJ e Educadora Ambiental